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O Pedra do Mar

 

Durante milênios, um grande mistério tomou conta da imaginação dos seres humanos. Curiosos, místicos e apaixonados pela beleza da natureza, o homem se deixa fascinar pelas curiosas qualidades do âmbar. Talvez uma de suas mais misteriosas qualidades seja o fato do âmbar ser sempre morno ao toque.

Nos dias de hoje já não o valorizamos como deveríamos. Provavelmente por sabermos que o âmbar não é uma pedra, mas sim uma resina vegetal criada em épocas pré-históricas. Preocupados em usar jóias que apresentem os mais valiosos e caros exemplos do mundo mineral, esquecemos que o âmbar, tão frágil e ao mesmo tempo extremamente resistente representa a própria história do ser humano. Cada pedra carrega consigo as emoções da própria Terra e é a essência da natureza que abrigou o homem desde o seu começo.

Possuindo centenas de tonalidades foi usado primeiramente para afastar espíritos maléficos e atrair os benéficos. Era tão valorizado seu uso em rosários que no século XIII e XIV muitas ordens proibiram seu uso por ser uma demonstração de opulência, contrária aos seus preceitos de humildade.

O uso do âmbar floresceu durante a era neolítica quando as mulheres que coletavam madeira às margens do mar Báltico descobriram que as pedras do mar, que flutuavam nas águas e eram atiradas à praia, queimavam mais facilmente que a lenha e possuíam um suave aroma.

O âmbar sempre foi visto como sobrenatural. Entre os povos do Báltico, acreditava-se que um colar feito de âmbar estrangularia a quem mentisse ao usá-lo. Amuletos e Talismãs feitos de âmbar esculpidos em diferentes formatos eram usados para evitar acidentes, doenças ou mau olhado. O mais poderoso destes talismãs possuía o formato fálico e acreditava-se possuir o poder de afastar poderosas forças de feitiçaria maléfica.

Gintaras, antiga palavra lituana que significa defensor ou protetor, era o nome dado aos talismãs feitos de âmbar que eram usados ao redor do pescoço. Já os antigos chineses acreditavam que o âmbar era a alma de um tigre morto. Possui grande poder de proteção especialmente para as crianças. Permite ao corpo que se cure a si mesmo, elimina a doença das partes afetadas e purifica o coração e o espírito.

A crença nos poderes do âmbar foi tecida como raios de luz na escuridão das antigas culturas bálticas. O uso do âmbar era infinito: talismãs para a cura de doenças, proteção física na guerra, para que o espírito encontrasse seu caminho de forma rápida e segura durante a última jornada.

Acreditava-se que o âmbar dava imortalidade a quem o possuísse. Sociedades de caçadores neolíticos enterravam seus mortos junto com peças funerárias feitas de âmbar. Machados feitos de âmbar eram peças altamente valorizadas pelos mortos. É considerada uma pedra de assentamento e harmonia devido à sua forte ligação com as energias da Terra. Principalmente na sua tonalidade amarela assegura a boa sorte e limpa as vibrações negativas. Preserva e resgata a sabedoria e o conhecimento ancestral.

O âmbar é o símbolo Celta do deus do sol. É a pedra sagrada da deusa mãe. É o resíduo das lágrimas da deusa Jurate, a senhora do Mar, que vivia em um castelo de âmbar nas profundezas do Mar Báltico. Ao se apaixonou por um mortal, condenou-o à morte, provocando eterno sofrimento a si própria. Por ser regido pelo sol e devido a suas propriedades elétricas, o âmbar protege contra a má sorte e contra despachos agourentos, inveja e inimigos de todos os tipos.

Para romanos uma pequena figura de âmbar era consideravelmente mais valiosa do que um escravo. O caminho que o âmbar seguia até os territórios romanos ficou conhecido como "A Rota do Âmbar". E peças desse precioso material foram encontradas na Grécia, Egito e Assíria. A tribo lituana dos Kurshes dominava este comércio; milhares de moedas romanas de prata e cobre foram descobertas em seu território, como também nos territórios de outras tribos da região do mar Báltico.

O verdadeiro âmbar flutua ao ser colocado na água salgada. O âmbar opaco flutua em água salgada de gravidade específica 0.05. Já o âmbar transparente precisa de água mais salgada com maior gravidade específica. O âmbar transparente é mais denso que o âmbar opaco ou nebuloso uma vez que essas "nuvens" são causadas por minúsculas bolhas de ar o que o torna mais leve.

Âmbar é a única pedra que é morna ao toque, que pode ser esculpida com uma simples faca. A única que estala, cheia de eletricidade, como se estivesse viva quando esfregada contra uma roupa de pele, a única que flutua nas águas misteriosas do oceano. Âmbar é o divino tornado tangível, a pedra que queima e acalenta os desejos do homem.

Mesmo o mais simples pedaço de âmbar adquire nova majestade quando tomamos consciência de que vaga pela Terra a mais de 20 milhões de anos. Quanta história não viveu! Quantos povos conheceu! Quantas civilizações viu surgir, florescer e enfim, desaparecer! Assírios, Babilônicos, Egípcios, Gregos, Romanos... Quantas aventuras até chegar às nossas mãos.

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